Pode alguma coisa nos ferir?



Pode alguma coisa nos ferir?

Texto de Charlotte Joko Beck, extraído do livro”Nada Especial

Uma aluna do zen telefonou-me há poucos dias para queixar-se da ênfase sobre a dificuldade da prática. Ela disse: – “Penso que você comete um erro quando insiste com os alunos para que levem sua prática tão a sério. A vida deveria ser divertir-nos e passar bons momentos”. Eu perguntei para ela: “Alguma vez essa abordagem já deu certo para você?”. E ela respondeu: “Bom, na verdade não… Mas tenho esperanças!”.

Entendo sua atitude e simpatizo com todo aquele que acha que a prática é realmente um trabalho muito duro. É mesmo. Mas também fico triste por aqueles que não estão ainda dispostos a fazer esse tipo de trabalho sério, porque serão os que mais sofrerão. Apesar disso, as pessoas têm de fazer suas próprias escolhas e algumas delas não estão prontas para uma prática séria. E eu disse para a aluna do zen: “Apenas faça sua prática de acordo ou não com suas próprias idéias e eu a apoiarei”. Seja o que for que as pessoas estejam fazendo, quero dar-lhes apoio – porque é nesse ponto que elas se encontram e está tudo bem.

O fato é que, para a maioria das pessoas, as nossas vidas não estão indo bem. Enquanto não nos dedicarmos a uma prática séria, nossa visão básica de vida em geral permanecerá em grande parte intacta. Aliás, a vida continua a nos fazer sentir pior e chega mesmo a piorar por si. Uma prática séria é necessária para que consigamos enxergar essa falácia bem no fundo de quase todas as ações, idéias e emoções humanas.

Sendo humanos, vemos a vida através de um determinado aparato sensorial e, porque as pessoas e os objetos parecem ser externos a nós, vivenciamos muita infelicidade. Essa infelicidade decorre da concepção equivocada de que somos separados. Certamente essa é a impressão – parece que sou separada das outras pessoas e de tudo o mais que existe no mundo fenomênico. Essa concepção equivocada de que somos separados cria todas as dificuldades da vida humana.

Enquanto pensarmos que somos separados, iremos sofrer. Se nos sentimos separados, iremos também sentir que temos de nos defender, que temos de tentar ser felizes, que temos de encontrar algo no mundo à nossa volta que irá tornar-nos felizes.

A verdade dessa questão, no entanto, é que não somos separados. Somos todos expressões ou emanações de um ponto central – se quiser, chame-o de energia multidimensional. Não podemos imaginar qual seja sua forma; o ponto ou a energia central não tem tamanho, espaço ou tempo. Estou falando metaforicamente a respeito daquilo que não pode na realidade ser mencionado em termos comuns.

Levando essa metáfora um pouco mais adiante, é como se esse ponto central irradiasse em bilhões de raios, cada um deles pensando que é separado de todos os outros. Na verdade, cada um de nós é sempre o centro, e o centro é cada um de nós. Uma vez que todas as coisas estão conectadas nesse centro, todos somos apenas uma coisa só. Não enxergamos essa unidade, porém. Talvez se conhecermos bastante teoria da física contemporânea, poderemos entender intelectualmente a questão. Conforme vamos praticando ao longo dos anos, contudo, fragmentos dessa verdade começam a insinuar-se em nossas vivências, cá e lá. Não nos sentimos mais tão separados dos outros. Conforme essa sensação vai assentando em nós, a vida, tal como acontece à nossa volta, deixa de ser tão frustrante. As situações, as pessoas, as dificuldades começam a impor-se a nós de um modo um pouco mais leve. Uma mudança sutil está acontecendo. Ao longo de toda uma vida de prática esse processo aos poucos se fortalece. Podem ocorrer breves momentos nos quais temos vislumbres de percepção de quem realmente somos, embora em si esses momentos não sejam muito importantes. É mais importante a lenta e crescente constatação de que não somos separados. Em termos comuns, ainda parece que existimos separados, mas não nos sentimos mais tão separados. Em conseqüência; não esperneamos mais tanto contra a vida: não temos de lutar contra ela, não temos de agradá-la, não temos de nos preocupar com ela. Esse é o caminho da prática. Se não brigamos com a vida, isso significa que ela não irá nos ferir? Existe algo além de nós que pode nos ferir? Na qualidade de alunos zen, podemos ter aprendido a dizer – no mínimo intelectualmente – que a resposta é não. Mas o que é que de fato pensamos disso? Há alguma pessoa ou situação que pode nos ferir?

Claro que pensamos que sim. No meu trabalho com os alunos, ouço inúmeras histórias de como estão magoados ou contrariados. Todos esses relatos são versões de “Isso aconteceu comigo”. Nossos parceiros amorosos, nossos pais, nossos filhos, nossos animais de estimação – “Isso aconteceu e me contrariou”. Todos fazemos isso, sem exceção. Isso é a nossa vida. Talvez as coisas corram razoavelmente mansas durante algum tempo e depois, de repente, algo acontece que nos contraria. Em outras palavras, somos vítimas. Bom, essa é a nossa visão geral das coisas. Está profundamente entranhada em nós, quase inata.

Quando nos sentimos vitimados pelo mundo, procuramos por alguma coisa além de nós para levar essa dor embora. Pode ser uma pessoa, pode ser conseguir algo que queremos, pode ser alguma mudança em nossa posição profissional, algum reconhecimento talvez. Uma vez que não sabemos onde procurar, e estamos magoados, buscamos conforto em outro lugar.

Enquanto não percebermos que não somos separados de nada, iremos lutar contra nossas vidas. Quando lutamos, entramos em dificuldade. Ou fazemos bobagens, ou nos sentimos contrariados, insatisfeitos ou como se alguma coisa estivesse faltando. É como se a vida nos apresentasse uma série de indagações que não podem ser respondidas. E, por falar nisso, não podem mesmo. Por quê?

Porque são falsas indagações. Não estão baseadas na realidade. Sentir que algo está errado e procurar meios de consertá-lo – quando começamos a sentir o erro desse tipo de padrão, começa a prática séria. A jovem que me telefonou ainda não chegou nesse ponto. Ela continua imaginando que algo externo irá torná-la feliz. Talvez US$ 1 milhão?

Por outro lado, já com as pessoas que praticam, a armadura treme um pouco, acontecem pequenos lampejos de verdadeira compreensão. Pode ser que não queiramos reconhecer esses lampejos. Mesmo assim, é fato que começamos a compreender que existe um outro meio de viver, além de se sentir acossado pela vida e sair atrás de remédio contra isso.

Desde o começo dos começos, não há nada errado. Não há separação: tudo é um único conjunto que irradia. Ninguém acre dita nisso e enquanto não houvermos praticado por muito tempo é difícil de captar. Mesmo com seis meses de uma prática inteligente, contudo, começa a haver um pequeno abalo na falsa estrutura de nossas crenças. A estrutura começa a desmanchar aqui e ali. Conforme praticamos ao longo dos anos, a estrutura enfraquece. O estado iluminado existe quando essa estrutura rui por inteiro.

Sim, temos de ser sérios a respeito de nossa prática. Se você não estiver pronto para ser sério, tudo bem. Continue simplesmente levando sua vida em frente. Você precisa ser empurrado de um lado para o outro por mais algum tempo. Está certo. As pessoas não devem estar num centro zen enquanto não sentirem que nada mais há para ser feito: é nesse momento que devem vir.

Voltemos à nossa pergunta: será que algo ou alguém pode nos ferir? Consideremos alguns desastres reais. Vamos supor que perdi meu emprego e que estou seriamente enferma. Vamos supor que todos os meus amigos me deixaram. Vamos supor que um terremoto destruiu minha casa. Posso ficar ferido por todas essas coisas? Claro que eu penso que sim. E seria terrível se todas essas coisas acontecessem. Porém, será que podemos realmente ser atingidos por tais eventos? A prática nos ajuda a ver que a resposta é não.

Não é objetivo da prática evitar os sentimentos que nos ferem. Aquilo que chamamos “mágoa” ainda acontece. Posso perder meu emprego, um terremoto pode destruir minha casa, mas a prática ajuda-me a dar conta de crises, a mantê-las dentro do meu controle. Enquanto estivermos mergulhados em nossa mágoa, seremos um poço de lamentações de pouca serventia para qualquer um. Se não estivermos emaranhados em nosso melodrama de dor, por outro lado, mesmo durante uma crise podemos ser úteis.

Então o que acontece quando nós de fato praticamos? Por que é que a sensação de que a vida pode nos ferir começa a diminuir com o tempo? O que ocorre?

Só um ego centrado em si, um ego apegado à sua mente e ao seu corpo pode ser atingido. Esse ego é na realidade um conceito formado a partir de pensamentos nos quais acreditamos. Por exemplo, “Se eu não conseguir isso ficarei infeliz”, ou “Se isso não der certo para mim, será horrível”, ou “Se eu não tenho uma casa para morar, isso é realmente terrível”. Aquilo que chamamos de ego não é mais do que uma série de pensamentos aos quais estamos habituados. Quando estamos envolvidos por inteiro em nossos pequenos egos, a realidade – a energia básica do universo – dificilmente é sequer percebida.

Vamos supor que eu acho que não tenho amigos e estou muito sozinha. O que acontece se sento para praticar sobre isso? Começo a ver que meu sentimento de solidão se compõe, na verdade, apenas de pensamentos. A realidade é que estou apenas sentada aqui. Talvez eu esteja sentada a sós em minha sala, sem mais ninguém. Ninguém me telefonou. Sinto-me só. Mas a realidade é que estou só sentada. A solidão e a infelicidade são meus pensamentos, meu julgamento de que as coisas deveriam ser diferentes do que são. Não enxerguei através delas. Não reconheci que minha infelicidade é fabricada por mim. A verdade da questão é que estou sentada em minha sala. Leva um bom tempo antes de conseguirmos ver que apenas ficar sentada na prática é bom, está bem. Fico apegada ao pensamento de que sem uma companhia agradável, que me dê apoio, sou infeliz.

Não estou recomendando uma vida em que nos distanciamos do convívio social para ficarmos livres de apegos e dependências. Apegos dizem respeito não ao que temos, mas a nossas opiniões acerca do que temos. Não há nada de errado com o fato de se possuir algum dinheiro, por exemplo. Apego é quando não conseguimos mais ver a vida sem ele. Da mesma forma, não estou dizendo para se desistir de estar com os outros. Estar com as pessoas é muitíssimo agradável. Às vezes, porém, talvez tenhamos de passar seis meses fazendo uma pesquisa em algum ponto do deserto. Para a maioria isso seria muito difícil. Todavia, se estou fazendo uma pesquisa no meio do nada, durante seis meses, a verdade da questão é que é isso mesmo, é apenas isso que estou fazendo.

A lenta e difícil mudança da prática alicerça a vida e torna-a genuinamente mais pacífica. Sem nos esforçarmos para ser pacíficos, percebemos que cada vez mais as tempestades da vida nos atingem mais de leve. Estamos começando a nos desvencilhar de nosso apego aos pensamentos que pensamos ser nós mesmos. O ego é um conceito que enfraquece com a prática.

A verdade é que nada pode nos ferir. Mas nós com certeza pensamos que estamos sendo atingidos e que podemos lutar para remediar as idéias de mágoa usando meios bastante improdutivos.

Tentamos remediar um falso problema com uma falsa solução e sem dúvida isso cria o caos. Guerras, danos ao meio ambiente – tudo decorre dessa ignorância.

Se nos recusamos a realizar esse trabalho – e não o faremos senão quando estivermos prontos -, teremos algum tipo de sofrimento, e tudo à nossa volta sofrerá também. Praticar ou não, não é uma questão de bom ou mau, certo ou errado. Temos de estar prontos. Mas, quando não praticamos, pagamos o preço.

Sem dúvida, a unidade original – o centro da energia multidimensional – permanece intacta. Não há como conseguirmos perturbá-la. Ela sempre existe; só isso. Isso é o que somos. Do ponto de vista da vida fenomênica que levamos, porém, existe um preço a ser pago.

Não estou tentando criar sentimento de culpa em ninguém. Esse sentimento em si não passa de pensamentos. Não estou criticando a moça que não queria levar a prática a sério. Ela está exatamente nesse ponto, porém, e para ela é perfeito. Conforme praticamos, no entanto, nossa resistência à prática diminui. Mas sem dúvida isso leva tempo.

ALUNO: Consigo ver como podemos ser unos com as outras pessoas, mas para mim está difícil entender o que seria ser uno com uma mesa ou coisa assim.

JOKO: Uno com uma mesa? Acho que com a mesa é muito mais fácil do que com as pessoas! Nunca ouvi ninguém relatar conflitos com uma mesa. Nossas dificuldades quase sempre envolvem pessoas, individualmente ou em grupos.

ALUNO: Talvez eu não tenha entendido o que você quer dizer com “ser uno”.

JOKO: “Uno com” é a ausência de qualquer coisa que divida.

ALUNO: Mas eu não me sinto uma mesa.

JOKO: Você não tem de sentir que é uma mesa. Com essa frase “ser uno com a mesa”, estou querendo dizer que não existe senso de oposição entre você e a mesa. Não é uma questão de um sentimento especial; é uma falta ou ausência da sensação de distância, em sentido emocional. As mesas em geral não despertam emoções. Por isso é que não temos problemas com elas.

ALUNO: Digamos que uma pessoa tem artrite e sente dor o tempo todo; você diz que isso não dói?

JOKO: Não. Se sentimos uma dor persistente, devemos sem dúvida fazer o que nos for possível para lidar com ela. Mas depois, se ainda resta um pouco de dor, tudo o que podemos fazer é vivenciar esse resíduo. Não adianta nada acrescentar à dor julgamentos do tipo “Mas que coisa terrível! Coitada de mim! Por que é assim?”. A dor simplesmente é. Considerada dessa forma, a dor é um ensinamento. Segundo a minha experiência, a maioria das pessoas que já passou por uma enfermidade séria e que aprendeu a usá-la terminou descobrindo que aquilo foi a melhor coisa que poderia ter acontecido para elas.

ALUNO: Se alguém não pode nos ferir e nós não podemos ferir o outro, isso não nos dá necessariamente autorização para falarmos tudo o que temos na cabeça porque não podemos ferir ninguém.

JOKO: Certo. Se entendemos erradamente esse ponto e dizemos “Vou falar tudo agora para você porque não posso feri-lo”, isso já é uma separação. Nós não atacamos os outros a menos que nos sintamos separados deles. Toda prática séria presume uma devoção a preceitos e princípios morais básicos.

ALUNO: E quanto à ética samurai, histórica no Japão? Por exemplo, um guerreiro samurai pode dizer “Uma vez que sou uno com tudo, quando decepar a cabeça de uma pessoa inocente não há assassinato: essa pessoa sou eu”.

JOKO: Em senso absoluto não há assassinato nenhum porque somos todos – “vivos” e “mortos” – apenas manifestações daquela energia central que é tudo. Porém, em termos práticos, não concordo com a ética samurai. Se vemos que não somos separados das outras pessoas, simplesmente não atacamos. Os guerreiros samurais estavam confundindo o relativo e o absoluto. É claro que, por certo, não há um que mate e um que seja morto, mas na vida que vivemos, sim, existe. E por isso não o fazemos.

ALUNO: Em outras palavras, se confundimos o absoluto e o relativo poderíamos usar o absoluto para justificar o que fazemos no relativo?

JOKO: Sim, mas só se vivemos na cabeça. Se consideramos que a prática é uma postura filosófica, podemos ficar realmente confusos. Se sabemos que a verdade da prática está em nossos ossos – sem sequer pensar a esse respeito – não cometeremos esse erro.

ALUNO: Antes de eu começar a sentar para praticar, eu não achava que as coisas pudessem me ferir, porque eu não as sentia.

JOKO: Isso é muito diferente. Você está falando de dormência psicológica. Quando estamos entorpecidos, não estamos unos com a dor; estamos fingindo que ela não está ali.

ALUNO: Quando por fim me sintonizo e percebo o quanto estou me magoando de variadas maneiras, fica muito mais fácil interromper o comportamento contraproducente. Até que esse momento chegue, como você disse, estaremos fazendo o que estamos fazendo. Se vamos estragar as coisas, é isso que iremos fazer.

JOKO: É isso mesmo. E não estou dizendo jamais criticar aos outros e suas condutas. Se alguém fez algo para mim – roubou todo o meu dinheiro para as compras -, posso precisar negar e tomar alguma atitude. Se os outros me tratam mal ou me causam dor, talvez devam saber que fizeram isso. Mas, se falarmos com eles com raiva, nunca aprenderão aquilo que precisam aprender. Jamais sequer nos escutarão.

A atitude ou o conhecimento interno de que não somos separados cria uma mudança fundamental em nossa vida emocional. Esse conhecimento significa que, independentemente do que acontecer, não somos perturbados por isso. Ter o conhecimento não significa que não nos incumbiremos dos problemas conforme forem surgindo. No entanto, não estaremos mais dizendo em nosso íntimo: “Mas que coisa horrível. Ninguém tem todas as dificuldades que eu tenho”. É como se nosso entendimento cancelasse essas reações.

ALUNO: Portanto, sentir-se ferido são só nossos pensamentos a respeito da situação?

JOKO: Sim. Quando não nos identificamos mais com esses pensamentos, lidamos com a situação e não ficamos mais emocionalmente envolvidos nela.

ALUNO: Mas a pessoa pode se sentir ferida.

JOKO: Sim. E não estou dizendo para evitar esse sentimento. Na prática, nós trabalhamos com o complexo de sensações físicas e pensamentos que constituem “Eu me sinto ferido”. Se vivenciarmos totalmente as sensações e os pensamentos, então o “sentir-se ferido” evapora. Eu nunca diria para não nos sentirmos do jeito que nos sentimos.

ALUNO: Você está dizendo para se abrir mão do apego à mágoa?

JOKO: Não. Não podemos nos forçar a abandonar esse apego. O apego é pensamento, mas não podemos apenas dizer “Vou desistir disso”. Não funciona. Temos de entender o que é o apego. Temos de experimentar o medo – a sensação corporal – que está por trás do apego. Então esse apego irá simplesmente fenecer. Um erro comum no ensinamento zen é nos obrigar a “deixar ir”. Não podemos nos forçar a “deixar ir”. Temos de vivenciar o medo subjacente. Vivenciar o apego ou o sentimento também não significa dramatizá-lo. Quando dramatizamos nossas emoções, simplesmente as encobrimos.

ALUNO: Você está dizendo que se sentirmos nossa tristeza de verdade, por exemplo, não teríamos mais necessidade de chorar?

JOKO: Podemos chorar. No entanto, existe uma diferença entre apenas chorar e dramatizar a nossa tristeza, o medo ou a raiva. A dramatização, muitas vezes, é mais um disfarce. Por exemplo, as pessoas que brigam, atiram coisas, berram e gritam ainda não estão em contato com sua raiva.

ALUNO: Voltando à moça que pensava que a prática deveria ser menos séria e que não queria vir para sentar-se e praticar aqui: você está equacionando a prática séria com praticar com regularidade num centro zen?

JOKO: Não, embora essa prática regular seja muito útil. Tenho alguns alunos que moram longe e praticam bastante. Apesar da distância, eles encontram um jeito de vir aqui de vez em quando. A moça simplesmente ainda não está pronta para fazer isso. E é ela quem sofre, o que é o mais triste.