Dizemos que nossa prática deveria ser sem idéia de aquisição {ganho}, sem nenhuma expectativa, mesmo a de iluminação. Todavia, isto não significa simplesmente sentar-se sem nenhum objetivo. Esta prática sem idéia de aquisição se funda sobre o sutra Prajna Paramita. Se prestarmos atenção, entretanto, o sutra nos dará uma idéia de aquisição. Ele diz: A forma é vacuidade e a vacuidade é a forma." [I] – Mas se nos apegarmos a esta afirmação, nos arriscamos bastante em nos engajar em idéias dualistas: aqui a forma – e aqui a vacuidade, que experimentamos realizar através de nossa forma. Também "a forma é vacuidade e a vacuidade é forma" é ainda dualidade. Mas felizmente nosso ensinamento continua e diz: "a forma é forma e a vacuidade é vacuidade". [II] Aqui não há dualismo.
Quando achamos difícil parar nossa mente durante zazen e que continuamos tentando parar o fluxo de pensamentos, é o estágio de [I]. Mas, sempre praticando desta maneira dualista, chegamos pouco a pouco a unidade com nosso objetivo. E quando nossa prática se torna sem esforço, podemos parar nossa mente. É o estado [II].
Do livro Esprit Zen esprit neuf de Shunryu Suzuki