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1. O Mestre me disse
– Todos os Budas e todos os seres sencientes não são outra coisa do que a Mente Única, fora da qual nada existe. Esta Mente, que não tem princípio, é inata (não nasce) e indestrutível (não morre). Não tem cor nem forma ou aparência. Não pertence a categoria das coisas existentes ou não existentes nem podem se considerar em termos de nova ou de velha. Não é comprida ou curta, nem pequena ou grande, uma vez que transcende todos os limites, medidas, nomes, vestígios e comparações. É o que vemos a nossa frente, se começarmos a raciocinar sobre ela imediatamente caímos em erro. É como o ilimitado vazio que não podemos sondar nem medir. Só a Mente Única é o Budha e não existe distinção entre o Budha e os seres sencientes, se estes não estiverem apegados às formas, mesmo assim eles buscam exteriormente as qualidades do Budha. Com a própria busca o perdem, pois isso é como empregar o Budha para buscar o Budha e empregar a Mente para encontrar a Mente. Embora nos empenhemos nisso durante eras inteiras, não lograremos alcançar nosso objetivo. Ignoramos que, se parássemos com nosso pensamento conceitual e esquecêssemos a nossa ansiedade, o Buda apareceria diante de nós, pois esta Mente é o Budha e os Budhas são todos os seres existentes. Não existem rebaixamentos nem enaltecimentos por se manifestar nos seres comuns ou nos Budhas.
Compilação e tradução: John Blofeld
Tradução Flávio Capllonch Cardoso