Direito de existir e resistir

Vídeo produzido pelo Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos – INCT-InEAC sobre os espaços tradicionalmente usado e cuidado por pescadores artesanais de Itaipu, Niterói, RJ, há mais de cem anos é o tema do vídeo ” Pescadores de Itaipu: o direito de existir/resistir”, produzido pelo Núcleo de Pesquisas sobre Práticas e Instituições Jurídicas NUPIJ/UFF . A locução é Anderson Freitas, texto, edição e Imagens Gabriel Penchel, imagens aéreas Eduardo Guimarães.

Comunidade Tradicional do Morro das Andorinhas

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Mar, lagoa, dunas (sambaquis), costões rochosos e vegetação remanescente de Mata Atlântica, emoldurados pelo sol, que se revela mágico em seu maior momento, ao cair da tarde, formam cenário perfeito pela diversidade natural dos ecossistemas que integram Itaipu. Mais que cenário, mais que perfeito resiste ainda o universo cultural de sua comunidade tradicional de pescadores, integrados a esse ambiente há várias gerações.
Hoje, pressionada e até mesmo encurralada pela especulação imobiliária, sua resistência, sua representação remanescente mantém núcleos no Morro das Andorinhas e no canto da praia de Itaipu, também violentada em sua integridade natural, rasgada ao meio por um canal artificial, marca indesejável dos novos tempos, cicatriz também no tecido cultural de sua referência tradicional. A enseada de Itaipu, com suas águas tranquilas, enseja e determina o tipo de pesca ali praticada há séculos, com suas características singulares, definindo o uso e a ocupação do mar e da praia dividida, sem marcos físicos aparentes, em pontos ou portos de pesca. Ainda resiste o
saber tradicional da comunidade de Itaipu, com suas representações locais, seus ritos de identidade, seu capital simbólico. Mas, Itaipu era uma praia só…
Hoje, a resistência se concentra na Associação da Comunidade Tradicional do Morro das Andorinhas, que luta pela garantia de sua inserção social diante das atuais ocupações, conquistando parcerias junto a outras representações da sociedade local, demonstrando garra e determinação no exercício da cidadania comunitária. A esse esforço soma-se o envolvimento de pesquisadores e novos moradores, em face do encantamento pela tradição local.
“Morar lá em cima é tudo” surge como instrumento legítimo em defesa da comunidade tradicional do Morro das Andorinhas e do canto de Itaipu, como documento etnográfico, como registro encantador da memória local para as atuais e futuras gerações. Surge forte, belo e panfletário para uma causa ainda não perdida. Conta, certamente, com as bênçãos de personagens de sua história ainda presentes na memória de seu grupo. Com as bênçãos de Seu Manoel, Seu Caboclo, Zequinha (de Nazaré), Seu Oscar, Natalino, Zequinha…

Laura França
Jornalista

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