Introdução


A diversidade da fauna e flora está relacionada com os mecanismos de funcionamento de rios, lagos e áreas alagadas e sua interação com o sistema terrestre. Os peixes que são a maioria dos vertebrados têm 41% de suas 24.600 espécies vivendo em água doce (Nelson, 1994).

Os riachos formam uma grande rede vital para a sobrevivência das espécies sendo fundamental para a compreensão da Biogeografia da Conservação.

Biogeografia da Conservação é a aplicação dos princípios, teorias e análises em biogeografia, na avaliação da distribuição dos taxa, sob um ponto de vista da conservação da biodiversidade (Whittaker et al., 2005).

A preocupação com a conservação e preservação ambiental é global e alguns autores defendem a idéia de que observamos um evento comparável às cinco grandes extinções do passado (Pimm & Raven, 2000; Wake & Vredenburg, 2008).

A conservação significa usar de forma racional um recurso garantindo a auto-sustentação do meio ambiente explorado, enquanto preservação possui um sentido mais restrito, significando a ação de proteção de um ecossistema de dano ou degradação, inexistindo a possibilidade de exploração mesmo que auto-sustentável.

Uma das questões chave para a biogeografia da conservação é escolher onde investir os limitados recursos existentes de maneira a minimizar o empobrecimento da biodiversidade (Platnick, 1992).

A definição de planejamento de áreas de conservação está hoje em mãos de poucas ONG’s internacionais que influenciam de forma definitiva a aplicação de grande parte dos recursos (Whittaker et al., 2005). Esquemas generalizados, de âmbito global, têm sido construídos e com base neles são destinados os recursos para conservação (Myers & Mittermeier, 2003).

Tais esquemas, concebidos essencialmente a partir de dados biogeográficos, muitas vezes carecem de detalhamento em escala regional, e assim sendo subestima-se o valor de determinadas áreas pela falta de conhecimento acumulado sobre elas.

A diversidade biológica é estudada por pesquisadores em todo o mundo, tendo sua documentação básica abrigada nas coleções científicas (Prudente, 2003).

O conhecimento sobre a diversidade permanece insuficiente porque muitas espécies não foram formalmente descritas. Este tipo de dificuldade foi nomeado “Linnean shortfall” (Brown & Lomolino, 1998), e tende a ser mais grave entre os organismos de menores dimensões, incluindo tanto vertebrados, como invertebrados (Medellín & Soberón, 1999; Ødegaard et al., 2000).

A distribuição geográfica da maioria das espécies é pouco compreendida e contém muitas falhas, especialmente em regiões inexploradas (Bini et al., 2006). O conhecimento inadequado acerca da distribuição de espécies foi nomeado “Wallacean shortfall” (Lomolino, 2004).

Apesar de uma combinação de extraordinária riqueza, elevado endemismo e alto risco de extinção, os sistemas de água doce e as espécies deles dependentes raramente são considerados nos planejamentos de áreas de conservação (Abell et al., 2008).

Outro agravante é que muitas regiões permanecem sub-amostradas para muitos taxa o que compromete significativamente a definição das áreas de conservação (Whittaker et al., 2005).

Bibliografia

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