BIOGRAFIA:
Cora Coralina ( Ana Lins do Guimarães Peixoto Bretas ) nasceu na cidade de Goiás, em 20 de agosto de 1889 e faleceu em Goiânia em 10 de abril de 1985. Filha de Jacinta Luíza do Couto Brandão Peixoto e do Desembargador Francisco de Paula Lins do Guimarães. Casou-se com Cantídio Tolentino de Figueiredo Bretas. Teve quatro filhos, 15 netos e 19 bisnetos. Iniciou sua carreira literária aos 14 anos, publicando seu primeiro Conto “Tragédia na Roça” , em 1910. Saiu de Goiás em 1911, indo morar no interior de São Paulo. Viveu fora de Goiás durante 45 anos. Voltou para Goiás em 1954, indo morar na Casa Velha da Ponte. Iniciou outra atividade: a de doceira, que vai desenvolver por mais de 20 anos.
Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, poetisa de algumas gerações goianas, patrimônio de todas, cada vez mais se converte na genuína expressão de beleza poética que Goiás oferta a toda a família brasilileira. Cora Coralina, goiana, feiticeira do verso, singela e pura em seus cantares, flor do chão, nascida da terra, rescendendo ao húmus fecundo que faz nascer o milharal; sempe nova como nova é a vida que lhe crepita no cansado corpo, abrigo passageiro do espírito de ‘aninha” , há tanto nascida e há tanto e sempre renascida em cada verso e em cada poema que lhe brotam do interior. Aninha rica de lembranças de gerações vetustas, rica de estórias tantas vezes recontadas pelos ancestrais. Ana-Cora, Doutora “Honoris Causa” pela Universidade Federal de Goiás, doutora feita pela vida, pelo estudo incessante de tudo quanto aconteceu em seu derredor. Doutora que apenas cursou os anos da escola primária, mas que jamais deixou de apreender e assimilar conhecimento, de gerar, no verso, o fruto nobre que traz a lume sempre novos conhecimentos nem sempre na fala fria do racional, mas, invariavelmente, no verso prenhe de emoções e de verdades colhidas no processo de fecundação direta entre a emoção do artista e a mais profunda realidade das coisas, dos fatos e das pessoas. Cora Coralina, doutora dos becos da vida, das classes da experiência cotidiana, aprendeu de tudo quanto vivenciou as lições mas entranhadas no âmago da natureza. ( Mária do Rosário Cassimiro – in CORA, DOUTORA FEITA PELA VIDA )
Foi membro efetivo das seguintes entidades culturais:
Academia Goiana de Letras
Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás
Gabinete Literário Goiano
União Brasileira de Escritores
Academia Brasiliense de Letras
Em 1979, recebe uma carta de Carlos Drummond de Andrade , a qual a lança definitivamente ao Brasil como uma grande poeta. (Durante muitos anos, esse mesmo grande poeta homenageou Cora em diversas cartas e publicações. Viveu 96 anos, sendo 78 dedicados à escrita. Inúmeras foram as participações, condecorações, homenagens e prêmios recebidos. Frequentou somente o curso primário e recebeu o título “Honoris Causa” pela Universidade Federal de Goiás de DOUTORA FEITA PELA VIDA.
CARTA DE DRUMMOND A CORA CORALINARio de Janeiro, 7 de outubro de 1983. Minha querida amiga Cora Coralina: Seu “VINTÉM DE COBRE” é, para mim, moeda de ouro, e de um ouro que não sofre as oscilações do mercado. É poesia das mais diretas e comunicativas que já tenho lido e amado. Que riqueza de experiência humana, que sensibilidade especial e que lirismo identificado com as fontes da vida! Aninha hoje não nos pertence. É patrimônio de nós todos, que nascemos no Brasil e amamos a poesia ( …). Não lhe escrevi antes, agradecendo a dádiva, porque andei malacafento e me submeti a uma cirurgia. Mas agora, já recuperado, estou em condições de dizer, com alegria justa: Obrigado , minha amiga! Obrigado, também, pelas lindas, tocantes palavras que escreveu para mim e que guardarei na memória do coração. O beijo e o carinho do seu Drummond.
Extarído de Textos e Contextos
Cora Coralina era o pseudônimo de Ana Lins de Guimarães Peixoto Bretas. Nasceu no estado de Goiás em 1889 e morreu em 1985. Cora Coralina era chamada Aninha da Ponte da Lapa e trabalhou como doceira, na cozinha da Casa da Ponte, produzindo seus versos ao pé do fogo. Publicou seu primeiro livro aos 75 anos de idade e continuou lúcida até quase os 96 anos, quando morreu em 1985. Ficou famosa principalmente quando Drummond confessou que os poemas de Cora o tocavam profundamente. Sua obra se caracteriza pela espontaneidade e pelo retrato que traça do povo do seu Estado, seus costumes e seus sentimentos. Utilizando-se de ricos jogos de palavras, comenta a própria vida (ou vidas) e sua terra natal, abordando temas profundos, mas com simplicidade