Poeta francês nascido em no dia 9 de abril de 1821 em Paris, Charles Pierre Baudelaire aos seis anos ficou órfão de pai. A mãe volta a casar-se com um militar, o comandante Aupick. A ausência do pai e o ressentimento contra a mãe causam em Baudelaire um sentimento de carência afectiva que o persegue durante toda a sua vida.
Ele suporta mal o segundo casamento da mãe: primeiro em Lyon e depois no Liceu Louis-le-Grand, Baudelaire seria um aluno sonhador, acometido de “pesadas crises de melancolia”. O poeta sempre leu muito, admirando os Românticos e afirmando-se discípulo de Théophile Gautier.
Para arrancá-lo à sua vida boémia, em 1840, o padrasto, envia-o de viagem à Índia, aonde nunca chega. Da ilha Bourbon (La Réunion) volta para Paris. Ao chegar à maioridade entra na posse da herança do pai. Ele adopta a elegância de um dandy e relaciona-se com a actriz Jeanne Duval, a sua “Vénus Negra” e cai nas mãos dos usurários, com o que se iniciam as preocupações económicas que o atormentam durante toda a sua vida.. Começa compor então nesta época as primeiras obras do que viria a ser a recolha poética de “Fleurs du Mal”.
Escandalizada pelo seu comportamento, a sua família move-lhe um processo judicial em 1844, que tem como consequência a limitação dos bens de Baudelaire a uma modesta pensão mensal – a partir daí ele começa a viver miseravelmente.
Jornalista, crítico de arte (actividade de que é exemplo “Salons”, em 1845, 46 e 59) e de literatura, tradutor das “Histórias Extraordinárias” do americano Edgar Allan Poe, Baudelaire consagrar-se-ia aos gênios do século – Hugo, Delacroix, Manet, Wagner, entre outros – forjando assim a sua própria estética da “modernidade”.
Em Junho de 1857, aparece “Fleurs du Mal”, um sucesso escandaloso, vítima de um processo de censura (seriam retirados seis poemas ao livro) por imoralidade. Embora bastante afectado com o impacto da sua obra, Baudelaire publica ainda uma segunda edição aumentada de trinta e cinco poemas em 1861.
Minado pela doença pelos paraísos artificiais da droga, o poeta será vítima em 1866 de um grave problema de saúde, que, entre outras consequências graves, o deixa meio paralisado. Morreria então em Paris no no dia 31 de agosto de 1867, aparecendo os seus “Petits poèmes en prose” em edição póstuma de 1869.
As publicações de Baudelaire não são muitas. Em 1845 começa a publicar em revistas poemas, críticas de arte e alguns contos. A partir de 1848 começa a aparecer a longa série de traduções de Poe. Após As Flores do Mal publica apenas poemas. Em 1861 sai Les Paradis Artificiels, ensaio sobre as drogas como estimulantes da imaginação e, pouco depois, em revistas e jornais, os seus primeiros poemas em prosa, que formam o livro póstumo Petits Poèmes en Prose.
A obra de Baudelaire como crítico de pintura é de grande importância, e vem a constituir a versão francesa mais coerente da estética romântica. A sua crítica literária, demasiado afectada pelas suas preferências e aversões, não é de grande relevância. Não obstante, a importância histórica da obra poética de Baudelaire é enorme. Pode dizer-se que a sua poesia provoca uma mudança radical em toda a poesia ocidental. Baudelaire é o último grande romântico francês, mas também o iniciador de uma nova sensibilidade baseada na experiência da vida urbana e na observação das ambivalências do mundo emotivo e imaginativo. Por assim dizer, Baudelaire expulsa da poesia a «beleza» no seu sentido clássico greco-latino. Inicialmente a sua influência observa-se apenas em imitadores de aspectos superficiais (o satanismo, a ficção do rigor formal, etc.). Para o dizer com palavras de Paul Valéry: «As Flores do Mal não contêm poemas nem lendas nem nada que tenha que ver com uma forma narrativa. Não há nelas nenhum discurso filosófico. A política está ausente por completo. As descrições, escassas, são sempre densas de significado. Mas no livro tudo é fascinação, música, sensualidade abstrata e poderosa.»