O tonel do ódio (Charles Pierre Baudelaire)
Tradução de Alvaro Reis
O ódio é como o tonel das Danaides perjuras;
Febrilmente, a Vingança, os braços retesados,
Desse vácuo arremessa a solidões escuras,
baldes cheios do pranto e sangue dos finados…
Nesse antro o Diabo fez secretas aberturas,
Por onde sem cessar, esforços prolongados
Se escoariam… pudesse a Vingança, em diabruras,
Dar vida aos mortos para ainda serem sangrados!
O ódio é um bêbado vil num canto da taverna!
Sempre sentindo mais a sede da bebida,
A se multiplicar, bem como a hidra de Lerna…
Mas, sabe o ébrio, feliz quem o traz subjugado;
Enquanto o ódio é coagido a esta sorte, na vida,
De não poder, jamais, dormir embebedado!