No interminável (Paul Verlaine)
No interminável
Tédio da planície
A neve, incerta,
Reluz como areia
Num céu de cobre
Sem luz nenhuma
Crer-se-ia ver viver
E morrer a lua.
Iguais a nuvens
Flutuam cinzentos carvalhos
Das florestas próximas
No vapor d’água.
O céu é de cobre
Sem luz nenhuma
Crer-se-ia ver viver
E morrer – a lua.
Gralha ofegante
E vós, lobos magros
Por estas amargas brisas
Que vos acontece, afinal?
No interminável
Tédio da planície
A neve incerta,
Reluz como areia.