Tulipa real (Cruz e Souza)
Carne opulenta, majestosa, fina,
Do sol gerada nos febris carinhos,
Há músicas, há cânticos, há vinhos
Na tua estranha boca sulferina.
A forma delicada e alabastrina
Do teu corpo de límpidos arminhos
Tem a frescura virginal dos linhos
E da neve polar e cristalina.
Deslumbramento de luxúria e gozo,
Vem dessa carne o travo aciduloso
De um fruto aberto aos tropicais mormaços.
Teu coração lembra a orgia dos triclínios…
E os reis dormem bizarros e sangüíneos
Na seda branca e pulcra dos teus braços.