A peste (Augusto dos Anjos)
Filha da raiva de Jeová – a Peste
N’um insano ceifar que aterra e espanta,
De espaço a espaço sepulturas planta
E em cada coração planta um cipreste!
Exulta o Eterno e… tudo chora, tudo!
Quando Ela passa, semeando a Morte,
Todos dizem co’os olhos para a Sorte
– É o castigo de Deus que passa mudo!
– Fúlgido foco de escaldantes brasas
– O sol a segue, e a Peste ri-se, enquanto
Vai devastando o coração das casas…
E como o sol que a segue e deixa um rastro
De luz em tudo, ela, como o sol – o astro –
Deixa um rastro de luto em cada canto!