O descalabro a ócio e estrelas… (Álvaro de Campos)
O descalabro a ócio e estrelas…
Nada mais…
Farto…
Arre…
Todo mistério do mundo entrou para minha vida econômica.
Basta!
O que eu queria ser, e nunca serei, estraga-me as ruas.
Mas então isto não acaba?
É destino?
Sim, é meu destino
Distribuído pelos conseguimentos no lixo
E os meus propósitos à beira da estrada –
Os meus conseguimentos rasgados por crianças,
Os meus propósitos mijados por mendigos,
E toda a minha alma uma toalha suja que escorregou para o chão.
…………………………
O horror do som do relógio à noite na sala de jantar de uma casa
de província –
Toda monotonia e a fatalidade do tempo…
O horror súbito do enterro que passa
E tira a máscara de todas as esperanças.
Ali…
Ali vai a conclusão.
Ali, fechado e selado.
Ali, debaixo do chumbo lacrado e com cal na cara
Vai, que pena como nós,
Vai o nós!
Ali, sob um pano cru acro é horroroso como uma abóbada de cárcere.
Ali, ali, ali… E eu?