Bacias Norte
de Angra dos Reis

Bacias Norte de Angra dos Reis
Hidrografia
Amostragem de peixes
Taxonomia de peixes
Conservação
Comunidades
História
Geografia
Uso da água
Uso do Solo
Principais ameaças
Literatura citada
Lotes considerados


HIDROGRAFIA

O termo microbacias é utilizado pelos autores para agrupar conjuntos de córregos e rios de forma relativa, não possuindo um definição exata. Para avaliar o conjunto de bacias da costa verde agrupamos em microbacias de Mangaratiba, de Angra dos Reis e de Paraty. Mas podemos voltar a denominar no interior destas microbacias como bacias os rios mais importantes e agrupar os pequenos córregos em microbacias locais.
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As bacias norte de Angra do Reis, banhando uma área de 86 Km2, são formadas de norte a sul pelas bacias dos rios Jacarei e Cantagalo, pelas microbacias da Serra do Leste e de Monsuaba e pela bacia do rio Jacuecanga (Tabela 1). Faz limites ao norte com as microbacias de Mangaratiba, ao leste com a baía da ilha grande, ao sul com as bacias centro-norte de Angra dos Reis e a oeste com a bacia do rio Paraíba do Sul (fig. 1).

Figura 1 – Bacias norte de Angra do Reis e seus limites: Microbacias de Mangaratiba, Bacia do Paraíba do Sul, Bacias centro norte de Angra dos Reis e Baía da Ilha Grande.

As bacias norte de Angra dos Reis são formadas de sul para norte (Tabela 1) pelas bacias dos rios Jacareí e Cantagalo, pelas microbacias da Serra do Leste e Monsuaba e pela bacia do rio Jacuecanga. Destas apenas a bacia do rio Jacuecanga é uma bacia do Tipo B, “bacias de pequena extensão” que apresentam área entre 12 a 70km². As demais são bacias Tipo C, “bacias muito pequenas”, que apresentam área inferior a 12km² (Francisco & Carvalho, 2004).

Bacia do Jacareí (fig. 2)
A bacia do rio Jacareí, possui 9,3 Km2 (68%) de área da sua bacia no município de Mangaratiba (RJ) e 4,3 Km2 (32%) no munícipio de Angra dos Reis (RJ). A bacia possui 84,7% de área protegidas nas regiões das nascentes, sendo que o PE Cunhambebe protege 6,8 Km2 (50,3%) e a APA Mangaratiba protege ainda 3,6 Km2 (34,4%) da área não protegida pelo Parque Estadual. Cabe ressaltar que 5,1 Km2 estão duplamente protegidos pela sobreposição da APA ao PE.

Figura 2 – Bacia do rio Jacareí

Rio Jacareí – O rio Jacareí, também denominado rio Garatucaia (em algumas referências o rio Garatuacia aparece como um segundo nome para o rio Cantagalo), com 6,5 km de extensão, tem como seu principal afluente, na margem esquerda, o Córrego Cachoeira do Corisco. Sua principal nascentes está a 929 m de altitude. Seu trecho final percorre a localidade de Conceição do Jacareí, antes de desaguar na Baía da Ilha Grande. Desce da Serra com uma inclinação máxima de 73,2% e média de 19,5% (fig. 3).

Figura 3 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do rio Jacareí

Córrego Cachoeira do Corisco – O Córrego Cachoeira do Corisco nasce em uma altitude de 834 m, dentro do PE de Cunhambebe, e percorre 13,6 km até desembocar no rio Jacareí em 22 metros de altitude. Percorre aproximadamente 1 km de seu trecho inicial no Parque Estadual e os 3km seguintes na APA, finalizando seu percurso no povoado de Conceição do Jacareí. Desce com uma inclinação máxima de 63,5% e média de 13,8% (fig. 4).

Figura 4 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do córrego Cachoeira do Corisco

Bacia do Cantagalo (fig. 5)
A bacia do Cantagalo com 6,3 km2, está totalmente no município de Angra dos Reis. A bacia possui 84,7% de área protegidas nas regiões das nascentes, sendo que o PE Cunhambebe protege 6,8 Km2 (50,3%) e a APA Mangaratiba protege ainda 3,6 Km2 (34,4%) da área não protegida pelo Parque Estadual. Cabe ressaltar que 5,1 Km2 estão duplamente protegidos pela sobreposição da APA ao PE.

Figura 5 – Bacia do rio Cantagalo

Na bacia do rio Cantagalo (fig. 5) a Regional Monsuaba da SAAE administra o subsistema Garacutaia, com duas captações em barragem de acumulação, ia: Cantagalo I e II. A captação Cantagalo I possui vazão de 2,0 l/s, que abastecem a localidades da Rua 4, Ladeira do Hugo e Vila dos Pescadores. A captação Cantagalo II possui vazão de 1 l/s, que abastece as localidades de Cantagalo
2 e Cidade Bíblia (Consorcio Fator, s/d).

Rio Cantagalo – O Rio Cantagalo, com um extensão de 5,9 Km, tem sua nascente principal a 741m de altitude. Seus trezentos metros iniciais estão dentro do PE Cunhambebe e os 1,5 km finais estão dentro da APA Tamoios, desaguando na Baía da Ilha Grande. O rio Cantagalo (também nominado em algumas publicações como rio Garatucaia) possui dois pontos de tomada de água superficial para abastecimento público (fig. 5) pela SAAE (Regional Monsuaba). Pertencem ao Subsistema Garacutaia formado por duas captações em barragem de acumulação: Cantagalo I e II. A captação Cantagalo I possui vazão de 2,0 l/s, que abastecem a localidades da Rua 4, Ladeira do Hugo e Vila dos Pescadores. A captação Cantagalo II possui vazão de 1 l/s, que abastece as localidades de Cantagalo 2 e Cidade Bíblia (Consorcio Fator, s/d).
O rio Cantagalo desce com uma inclinação máxima de 47,8% e média de 11,1, o rio Cantagalo atravessa um trecho do povoado de Cantagalo (fig. 6).

Figura 6 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do rio Cantagalo

Microbacias da Serra do Leste (fig. 7).
Dezessete pequenos cursos d`água, com nascentes entre 213 e 496 metros de altitude, desaguam na bacia da ilha grande, formando as microbacias da serra do Leste. Estão totalmente contida no município de Angra dos Reis e de norte para o sul, são: Córrego Praia de Guaracutaia (1,5 km); Córrego Saco do Caroço (0,6 km); Córrego de Itapinhoacanga ( 0,8 km); Córrego Portogalo I (3,2 km); Córrego Portogalo II (2,3 km); Córrego Laje do Maciel (0,7 km); Córrego da Ponta dos Coqueiros (1,2 km); Córrego Praia do Maciel (0,9 km); Córrego Praia do Aniquim (1,0 km); Córrego Praia da Espia (0,8 km); Córrego Praia do Leste I (1,5 km); Córrego Praia do Leste II (0,8 km); Córrego Praia da Biscaia I (1,2 km); ); Córrego Praia da Biscaia II (1,0 km); Córrego Praia da Tartaruga (1,5 km); Córrego Paraíso (0,7 km) e Córrego Praia do Objetivo (0,9 km). O PE Cunhambebe protege apenas 3,5 km2 (17,7%) dos 19,3 km2 de área das microbacias da Serra Leste. A APA Tamoio oferece proteção para a foz de todos os córregos da microbacia, ocupando 1,2 Km2 (6,2%) da área total das microbacias.

Figura 7 – Microbacias da Serra do Leste

O subsistema Paraíso da Regional Monsuaba da SAAE possui duas captações que abastecem a localidade de Paraíso, a primeira feita por poço com vazão de 2l/s e a segunda uma captação superficial feita no rio Paraíso (fig. 7) com vazão captada de 1 l/s(Consorcio Fator, s/d).

Córrego Portogalo I – O córrego Portogalo I é o que tem sua nascente a maior altitude (496 m), sendo também o de maior comprimento (3,2 km). Suas nascentes estão tolamente protegidas pelo PE Cunhambebe. Em sua parte baixa antes de atingir a Baía da Ilha Grande, ele forma a marina do condomínio de Portogalo. Ele desce do Parque Estadual com uma inclinação máxima de 69,5% e média de 12,8% (fig. 8).

Figura 8– Imagem de satélite com o percurso e perfil do córrego Portogalo I

Microbacias de Monsuaba (fig.9)
As microbacias de Monsuaba são formadas pelo Córrego Monsuaba (4,2 km), ladeado ao norte pelo Córrego Praia de Monsuaba I (1,8 km) e ao sul pelo Córrego Praia de Monsuaba II (1,4 km). Com uma área de total de 6,1 km2 está totalmente contida no município de Angra dos Reis. O PE Cunhambebe protege 2,1 km2 (34,5%) dos 6,1 km2 de área das microbacias da Monsuaba. A APA Tamoio oferece proteção para a foz de todos os córregos da microbacia, ocupando 0,2 Km2 (2,5%) da área total das microbacias.

Figura 9 – Microbacias de Monsuaba

O Subsistema Monsuaba da Regional Monsuaba da SAAE possui duas captações em barragem de acumulação: captações Galloway e Paiolzinho (fig. 9). A captação Galloway é feita na barragem no rio de mesmo nome com vazão de 13l/s e abastece as localidades de Morro do Castelo e Monsuaba. A captação Paiolzinho, por sua vez, é feita no rio Paiolzinho com vazão captada de 5l/s, que abastecem a localidade de Monsuaba (Consorcio Fator, s/d).

Córrego Monsuaba – A nascente do córrego Monsuaba está a 457 metros de altitude, dentro do PE Cunhambebe. Todos os córregos da microbacias cortam o povoado de Monsuaba antes de desembocarem na Baía da Ilha Grande. O córrego Monsuaba desce do Parque Estadual com uma inclinação máxima de 56,6% e média de 11,7% (fig. 10).

Figura 10 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do Córrego Monsuaba

Bacia do Jacuecanga (fig.11)
A bacia do Jacuecanga com 40,6 km2, está totalmente localizada no município de Angra dos Reis. O PE Cunhambebe protege 21,2 km2 (52,3%) dos 40,6 km2 de área da bacia do Jacuecanga. A APA Tamoio oferece proteção na parte baixa da bacia do rio Jacuecanga, ocupando 1,3 Km2 (3,3%) da área total da bacia.

Figura 11 – Bacia do rio Jacuecanga

A Regional Mossuaba da SAAE possui na bacia do rio Jacuacanga (fig. 11) o subsistema Caputera 1, com a captação é feita na barragem de acumulação Caputera com vazão de 1 l/s que abastece a localidade de Brasfel. O subsistema Caputera 2 com captação é feita na barragem de acumulação Caputera com vazão de 2,0l/s, que abastece a localidade de Caputera(Consorcio Fator, s/d). E a captação por barragem de acumulação de 26,8 l/s no córrego Cocho, afluente do rio Jacuacanga, que abastece a população de Córrego Cocho (INEA, 2018).

Rio Jacuecanga – O Rio Jacuecanga com um extensão de 10,1 Km tem sua nascente principal a 922 m de altitude. Seus principais afluentes, na margem esquerda é o rio Caputera (5,5 km) e na margem direita os córregos do Cocho (4,6 km) e Coroanha (3,3 km). Apenas 1,7 km (16,8%) de seu trecho inicial corre no interior do PE Cunhambebe, enquanto 2,9 km (28.7%) do seu trecho final recebe a proteção da APA Tamoios, antes de desaguar na baía da Ilha Grande. O Rio Jacuecanga desce do Parque Estadual com uma inclinação máxima de 21,6% e média de 2,7% (fig. 12).

Figura 12 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do rio Jacuecanga

Rio Caputera – O rio Caputera, afluente da margem esquerda do rio Jacuecanga, nasce a 775 m de altitude dentro do PE Cunhambebe, percorrendo 1,5 Km (25,6%) de seu curso total de 5,9 Km, até desembocar no Rio Jacuecanga, já praticamente ao nível do mar. Ele tem o córrego Vermelho como seu principal afluente na margem esquerda. O Rio Caputera desce do Parque Estadual com uma inclinação máxima de 67,6% e média de 13,1% (fig. 13).

Figura 13 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do rio Caputera

Córrego Vermelho – O Córrego Vermelho, afluente da margem esquerda do rio Caputera, nasce a 974 m de altitude no PE Cunhambebe, percorrendo no interior deste 2,1 km (39,8%) de seus 5,2 Km de curso total. Desemboca no rio Caputera em uma altitude de 24 metros. Em sua descida não atravessa nenhum povoado, tendo uma inclinação máxima de 48,7% e média de 13,8% (fig. 14).

Figura 14 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do Córrego Vermelho

Córrego Cocho – O Córrego Cocho contribuinte do lado direito do rio Jacuecanga, nasce a 1.564 m de altitude no PE Cunhambebe, percorrendo 3,3 km (71,8%) de seu comprimento total de 4,6 Km. Sua foz no Jacuecanga está na altitude de 136 metros, onde chega descendo com uma inclinação máxima de 69,9% e média de 12,2% (fig. 15).

Figura 15 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do Córrego Cocho

Córrego Coroanha – O Córrego Coroanha contribuinte do lado direito do rio Jacuecanga, nasce a 690 m de altitude no PE Cunhambebe, percorrendo 0,9 km (28,3%) de seu comprimento total de 3,3 Km. Sua foz no Jacuecanga está na altitude de 14 metros, onde chega descendo com uma inclinação máxima de 56,5% e média de 9,9% (fig. 15-1).

Figura 15-1 – Imagem de satélite com o percurso e perfil do córrego Coroanha


AMOSTRAGEM DE PEIXES


As bacias norte de Angra dos Reis já foram amostradas para peixes de riachos, de acordo com os registros em coleções, em três pontos, com o tombamento de 12 lotes (fig. 17 e Tabela 2). Estas amostragens foram realizadas nos anos de 1948 (1), 1988 (5) e sem informação de data de coleta(6).

As amostragens das bacias norte estão representadas por década no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Amostragens nas bacias norte de Angra dos Reis por década.

Índice de amostragens – Os índices de amostragens foram calculados considerando os pontos de amostragens e os lotes coletados por cada 100 Km2 de bacia de forma a padronizá-los. A bacia do rio Jacuecanga é a única com índices de pontos de amostragem e de lotes coletados, superior à média das bacias norte. As demais bacias e microbacias não possuem registros de amostragens (Tabela 2).

Distribuição – A distribuição dos pontos de amostragens estão indicados na figura 17.

Figura 17 – Bacias norte de Angra dos Reis indicando os pontos de amostragens


TAXONOMIA DOS PEIXES


Composição taxonômica – A Tabela 3 indica a composição taxonômicas da bacia centro norte. Foram amostrados até o momento 11 espécies, pertencentes a 8 subfamílias de 7 famílias, agrupadas em quatro ordens de peixes de riacho.

A predominância foi dos Siluriformes com 42% das espécies, seguidos dos Characiformes com 17% (Tabela 4).


CONSERVAÇÃO


Unidades de Conservação

As Bacias Norte de Angra dos Reis com uma área de 86,0 km2 possui 35,7 km2 de seu trecho superior, protegidos pela unidade de conservação integral – Parque Estadual de Cunhambebe e 2,799 km2 de seu trecho inferior, protegidos pela unidade de ação sustentável – Área de Proteção Ambiental dos Tamoios. O PE de Cunhambebe protege 6,8 km2 (50%) da bacia do rio Jacareí, 2,2 km2 (34%) da bacia do rio Cantagalo, 3,4 km2 (18%) das microbacias da Serra do Leste, 2,1 km2 (34%) das microbacias de Monsuaba e 21,2 km2 (52%) da bacia do rio Jacuecanga. Por outro lado a APA de Tamoios protege 0,0139 km2 (0,09%) do Jacarei, 0,079 km2 (1,24%) do Cantagalo, 1,191 (6,17%) das microbacias da Serra do Leste, 0,152 (2,49%) das microbacias de Monsuaba e 1,354 km2 (3,31%) do Jacuecanga. A bacia do rio Jacareí recebe ainda a proteção em seu trecho superior da Área de Proteção Ambiental de Mangaratiba, em um trecho de 8,6 Km2 (64%) de sua bacia. No entanto apenas 1,8 Km2 do território é protegido apenas pela APA, pois o PE Cunhambebe se superpõe a maior parte da área de APA.


COMUNIDADES

As delimitações da localidade são múltiplas e contingentes. A vizinhança, o bairro, a cidade ou a região urbana constituem pontos de referência relativamente estáveis, mas, conforme os contextos, estes níveis se definem diferentemente, e muitas coisas ou quase nada pode ocorrer aí.
Bourdin, 2001

Não se tem informação da presença de nenhum grupo identificado como comunidade tradicional, seja indígena, caiçara ou quilombola na região das bacias norte de Angra (Araújo, 2018). Não consta também o registro de nenhum assentamento nesta área (INCRA, 2021). As comunidades existentes são o resultado da convivência e vizinhança por ocupação de espaços de vida próximo.

Na área das bacias norte de Angra segundo censo do IBGE de 2010 estão localizados dezesseis aglomerados subnormais, onde residiam mais de 10 mil habitantes, a saber: Água Santa, Camorim de Cima, Camorim Pequeno Parte de Cima, Caputera, Lambicada, Morro do Martelo, Morro do Moreno, Morro do Triângulo e Praia do Machado, Caetés, Cantagalo, Canto do Porto Galo e Vila dos Pescadores (INEA, 2018). Estes aglomerados ocupam as quinze localidades indicadas na figura 18.

Figura 18 – Localidades das bacias norte de Angra dos Reis


HISTÓRIA

O movimento em prol do direito e da proteção ao meio ambiente se irradiou através da comunidade científica e acabou difundido entre organizações não-governamentais que passaram a reivindicar melhor “qualidade de vida” no planeta..
Fonseca, 1996

É possível que tenha havido uma fortificação construída na Ponta Leste em 1938 (Barreto, 1958). No entanto os restos de construção encontrados hoje nesta área, “foi erguido em princípios do século XX, como parte de um plano de transformar a região da Ilha Grande em um porto militar do Brasil, que não deu certo” (de Lima, 2018). “De uma forma geral, a construção do Forte do Leme, em Ponta Leste, o prolongamento da Estrada de Ferro a Itacurussá e a Angra dos Reis, a construção da Escola de Grumetes (Escola Naval) na região e a transferência da sede do Arsenal da Marinha faziam parte deste plano”(de Lima, 2018). Em Punta Leste fica também localizado o Monumento aos Náufragos do Aquidabã, um obelisco onde se acham as sepulturas de cerca de 60 tripulantes do navio Aquidabã, que naufragou no litoral de Angra dos Reis, em janeiro de 1906. Este encouraçado, na época o mais potente navio da esquadra naval brasileira, mas afundou levando consigo inúmeros oficiais do alto escalão da Marinha. Este acontecimento mudou os planos de mudar do Rio de Janeiro para a Baía de Jacuecanga em Angra, todo o arsenal da marinha, o que seria o primeiro porto militar do país (Marinha do Brasil, s/d).Construído em 1913, o Monumento aos Náufragos do Aquidabã fica localizado na Ponta Leste, na enseada de Jacuecanga, a 16 quilômetros da BR-101. O acesso se faz por estrada asfaltada através da Vila da Petrobrás.
A região foi também berço de personagens importantes de nossa cultura. Na antiga sede da Fazenda Jacuecanga, nasceu Raul Pampéia autor de “O Ateneu”, nascido 1863.


GEOGRAFIA

para garantirmos a conservação da biodiversidade, precisamos proteger não só as diferentes espécies existentes no planeta, mas também os ecossistemas dos quais elas fazem parte, e a variabilidade de genes dentro de cada espécie.
Lemos, 2015

A carta do IBGE (1974) subdivide a Ponta Leste em Ponta do Leste, Ponta do Pasto (onde está localizado o píer da Petrobrás) e Ponta do Leme, onde foi construído o Forte do Leme (de Lima, 2018).

Em Jacuecanga em 1959, são construídos os estaleiros da Verolme, com capital holandês beneficiado por facilidades fiscais e creditícias e a cessão de 1.500 ha. de áreas da União. A implantação de uma vila industrial autônoma ao derredor do parque industrial, vai abrigar a mão de obra mais qualificada, enquanto o restante dos trabalhadores vai ampliar o núcleo urbano em direção aos morros da região.Com suas atividades praticamente paralisadas a partir de 1995, um enorme contingente de desempregados vai pressionar a precaria infraestrutura do município. Atualmente a Verolme foi arrendada pelo consórcio Pen Setal/Keppel Fels, com a finalidade de dar suporte as demandas do projeto do pré-sal. Esta lacuna temporal imposta pela crise gerou a perda de know-how por parte de uma população de técnicos e metalúrgicos angrenses que não podem mais ser absorvidos. Destas formas estes grandes empreendimentos além causar uma grande pressão na infraestrutura do município, deixa sempre um legado de grandes perdas ambientais quando passam por fases de desaceleração (Abreu, 2005).
Um segundo empreendimento de grande impacto na região, foi a construção do Terminal Petrolífero da Petrobras, a partir de 1974. Com seu pier localizado na Ponta do Pasto, este empreendimento ocupou duas áreas não contíguas que totalizam 1.250.000m² ocasionado um grande impacto ambiental e paisagístico. Sua construção implicou na retificação do curso de três rios, no movimento de 7.000.000 m3 de terra e na dragagem de profundos canais sob o mar para permitir o acesso dos navios(Abreu, 2005).


USO DA ÁGUA

O mundo não foi feito em alfabeto.
Senão que primeiro
em água e luz.
Depois árvore.
.
Manoel de Barros

Segundo D’Angelo (2011) os rios Jacuecanga e Caputera se caracterizam pela pobreza em nutrientes e por uma baixa taxa de produção de matéria orgânica. Contudo, alguns trechos ao longo desses corpos hídricos, a jusante da Vila Caputera, já apresentam tendências a eutrofização devido a influências antrópicas. O desmatamento, exposição do solo e ocupação humana desordenada foram relacionadas ao maior aporte de carbono, nitrogênio, para esse trecho do rio. Na zona estuarina, o adensamento urbano da Vila de Jacuecanga é responsável pelos altos percentuais de carbono e nitrogênio, principalmente durante eventos de chuva.
O rio Vermelho apresenta a eutrofização natural das suas águas, pois apresenta as características típicas de uma região pantanosa, com baixa concentração de oxigênio e elevado teor de material orgânico, sem, no entanto, alterar a dinâmica da matéria orgânica no curso principal do rio Jacuecanga. A alteração da cobertura natural do solo na área de drenagem da bacia pode influenciar diretamente na qualidade dos recursos hídricos da bacia hidrográfica


USO DO SOLO

O ser humano esquece que a água vem da chuva e a comida vem do solo. Passamos a acreditar que a água e nosso alimento são produtos de uma corporação.
Vandana Shiva

As bacias norte de Angra dos Reis ocupam a área correspondentes as Unidades Hidrográficas de Planejamento UHP 11 – Rio Jacuecanga, onde estão inseridas as localidades de Jacuecanga e Monsuaba e UHP 12 – Rio Jacareí, onde estão inseridas as localidades de Conceição do Jacareí, Caetés, e Cantagalo. Aproximadamente 75% do região ainda estão ocupadas com floresta secundária em estágio médio e avançado de regeneração. As áreas de pastagens ocupam cerca de 12% localizadas nas várzeas dos córregos e junto a costa (INEA, 2018).


PRINCIPAIS AMEAÇAS

Se aos pássaros perguntares.
Quem polui os nossos ares,
onde os pulmões se consomem,
o eco, lógico, responde:
… homem… homem… homem…
.
Autor desconhecido

O Rio Jacuípe nasce na Serra de Jacareí e suas águas límpidas são frequentadas para banhos nos poços e cachoeiras de sua parte alta. Já em seu curso inferior atravessa a área urbana de Conceição de Jacareí, sendo as margens cobertas de capinzais e algumas árvores. Esta área recebe lixo e esgoto contaminando incluisive uma área de lazer chamada “escorrega”. Ele vai desaguar em uma praia de igual nome, em um manguezal já bastante alterado (SEMADS, 2001).
A bacia do rio Jacuecanga apresenta boas condições de preservação dos seus recursos hídricos, no entanto a qualidade das águas e de sedimentos dessa bacia vem sofrendo ameaças devido a crescentes alterações no uso do solo, pelo crescimento populacional e o desenvolvimento de atividades industriais, como a naval e a petrolífera (D´Angelo, 2011).

O rio Vermelho apresenta a eutrofização natural das suas águas, pois apresenta as características típicas de uma região pantanosa, com baixa concentração de oxigênio e elevado teor de material orgânico, sem, no entanto, alterar a dinâmica da matéria orgânica no curso principal do rio Jacuecanga..
D´Angelo, 2011

As manchas e alterações da cobertura natural na área de drenagem da bacia pode influenciar diretamente na qualidade dos recursos hídricos da bacia.
O Manguezal de Monsuaba foi reduzido a uma estreita faixa, tendo sido a maior parte aterrada para a instalação da Vila de Monsuaba dos funcionários da Petrobrás, no inicio da década de 1970, e o de Jacuecanga foi completamente suprimido para instalação do estaleiro Brasfels e demais dependências na década de 1950.


LITERATURA CITADA


  1. Abreu, C. V. de. 2005. Urbanização, apropriação do espaço, conflitos e turismo: um estudo de caso de Angra dos Reis. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.). Área de Concentração: Produção e Gestão do Espaço.
  2. Araújo, A.P. 2018. Projeto de Caracterização dos Territórios Tradicionais (PCTT) – Caiçaras, Quilombolas e Indígenas – Angra dos Reis (RJ), Paraty (RJ) e Ubatuba (SP), no âmbito da Atividade de Produção e Escoamento de Petróleo e Gás Natural do Pólo Pré-Sal da Bacia de Santos – Etapa 1. Anexo III – Mapa Comunidades Tradicionais.
  3. Bourdin, A. 2001. A questão local. Rio de Janeiro: DP&A.
  4. Barreto, A. 1958. Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército – Editora.
  5. D’Angelo, R.A. 2011. Físico-química da água e caracterização dos sedimentos de uma microbacia costeira de mata atlântica com múltiplos usos do solo, Jacuecanga, Angra dos Reis, RJ. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de concentração: Geoquímica Ambiental. Disponível em https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/3528/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20Completa.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acessado em 27/01/2022.
  6. de Lima, L. P. 2008. Contribuição para a arqueologia histórica em Angra dos Reis: as fortificações em Ponta Leste – um estudo de caso. Dissertação apresentada ao programa de pós graduação em arqueologia, do Museu de Arqueologia e etnologia da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de mestre em arqueologia. São Paulo.
  7. Consorcio Fator. s/d. Estudos técnicos e planejamento para a universalização do abastecimento de água e esgotamento sanitário – Município de Angra dos Reis. Disponível em http://www.rj.gov.br/consultapublica/documentos/Grupo_4_-_Planos_Municipais_de_Saneamento/Planejamento_Universalizacao_-_Angra_dos_Reis.pdf. Acessado em 18/01/2022
  8. D’Angelo, R. A. 2011. Físico-química da água e caracterização dos sedimentos de uma microbacia costeira de Mata Atlântica com múltiplos usos do solo, Jacuecanga, Angra dos Reis, RJ. Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação em Geociências da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre.
  9. Francisco, C. N.; Carvalho, C. N. 2004. Disponibilidade hídrica – da visão global às pequenas bacias hidrográficas: o caso de Angra dos Reis, no Estado do Rio de Janeiro. Revista de Geociências – Ano 3, n.3. Niterói: Instituto de Geociência.
  10. Fonseca, M. C. 1996. O mito do paraíso desabitado. Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. MEC, n. 24, 1996
  11. INCRA. 2021. Sistema de Certificação de Imóveis Rurais.
  12. INEA. 2018. Relatório do Mapeamento do Uso e Cobertura do Solo (RD03), elaborado pela Empresa Profill Engenharia e Ambiente S.A., no âmbito dos trabalhos de ELABORAÇÃO DO PLANO DE RECURSOS HÍDRICOS DA REGIÃO HIDROGRÁFICA DA BAÍA DA ILHA GRANDE (PRH-BIG), pertencente à Região Hidrográfica I do Estado do Rio de Janeiro. Disponível em https://cbhmacae.eco.br/plano_de_bacia/rd-03-relatorio-do-mapeamento-do-uso-e-cobertura-do-solo/ Acessado em 23/12/2021
  13. Lemos, C. 2015. Desenvolvimento sustentável e biodiversidade: conceitos e estratégias para o planejamento. In: Lemos, C.; Castro, C. Planejamento Ambiental. Consórcio CEDERJ. Rio de Janeiro: CECIERJ. p.321
  14. Marinha do Brasil. s/d Aquidabã-Encouraçado. Diretoria do Patrimônio histórico e documentação. Disponível em https://www.marinha.mil.br/dphdm/sites/www.marinha.mil.br.dphdm/files/AquidabaEncouracado1885-1906.pdf. Acessado em 17/01/2022
  15. SEMADS. 2001. Bacias Hidrográficas e Recursos Hídricos da Macrorregião Ambiental 2 – Bacia da Baía de Sepetiba. Rio de Janeiro. 79p

LOTES CONSIDERADOS


Foram considerados os seguintes lotes de coleções (tabela 5). Todos os lotes são da sub-bacia do rio Jacuacanga:

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