Vive nas águas rasas do estuário dos rios e no manguezal. Não se arrisca nas águas abertas, pois é só um peixinho, e tanto no mangue como no rio encontra abrigo e proteção, na vegetação. Costuma ficar quieto entre as plantas. Diferente de outros peixes de sua família, a dos gobiídeos, o Amoré não escava buracos na lama do leito fluvial.
Dormitator maculatus habita as águas estuarinas limpas. Ocupa os fundos arenosos da foz, especialmente em água doce, ou os fundos lamosos, no manguezal. Os ambientes de vida da espécie estão protegidos nos estuários fluviais das microbacias ao longo dos riachos da Mata Atlântica.
Alguns relatos de sua presença:
Em Cumuruxatiba, no Prado, extremo sul da Bahia, onde a água é limpa, cor de chá mate, o Amoré era muito abundante a cerca de trinta anos trás. Ricardo Oliveira, indígena Pataxó da aldeia Kaí, relata que haviam muitos, perto da boca do rio da Barrinha no centro da vila. Hoje não se vê mais.
No Espírito Santo o Parque Estadual de Itaúnas protege os ambientes de vida deste peixinho, localmente chamado de Tição de Fogo. O tição de fogo era muito conhecido da meninada de Itaúnas, que quando passava a rede de calão para pegar camarão sempre vinham eles. Na época o rio fazia muito mais parte da vida da criançada do que é hoje. Ademais o tição de fogo era utilizado como isca viva na pescaria do robalo. Com as fortes chuvas de verão, ele voltou a aparecer na trilha do Tamandaré, na várzea do rio Itaúnas, onde passava o antigo leito do rio, como relata o ambientalista Rodrigo Damazio, da SAPI- Sociedade de amigos por Itaúnas. Ali há mistura de água doce e salgada limpa.
Em Niterói no Rio de Janeiro pesquisadores e ambientalistas Luisa Sarmento e Ronaldo Pinheiro do Coletivo Córregos da Tiririca e Felipe Queiroz do Instituto Floresta Darcy Ribeiro- AmaDarcy encontraram populações de Amoré no rio João Mendes, ao fazer o monitoramento da ictiofauna junto a ecobarreira do rio João Mendes, o principal contribuinte da Lagoa de Itaipu.
Potenciais ameaças a sobrevivência das populações de Dormitator maculatus são a poluição e os defensivos agrícolas, resíduos do continente carreados do rio para o mar. Pelo declínio populacional no litoral brasileiro esta espécie foi categorizada como quase ameaçada – NT (Near threatened) na lista vermelha nacional de espécies ameaçadas de extinção.