Steindachneridion doceanum

Steindachneridion doceanum (Eigenmann & Eigenmann 1889)

Algumas características da espécie Steindachneridion doceanum estão indicadas na figura acima.

Os Steindachneridion apresentam o palato com dentes no vomer, uma condição comum em grande bagres Pimelodidae. Cabeça larga e baixa, altura da cabeça corresponde entre 60 a 80 % de seu comprimento (Garavello, 2005). Olhos pequenos, latero-dorsais, entre 10 a 12% no comprimento da cabeça. Barbilhão maxilar curto, menor que o comprimento da cabeça ou alcançando a vertical da nadadeira dorsal. Nadadeiras pélvicas alongadas, ultrapassando a vertical da abertura anal. O colorido do corpo contém vermiculações contrastantes, com manchas também sobre as nadadeiras.

São grandes bagres, alcançando entre 600 a 1000 mm de comprimento padrão. São peixes nadadores ativos, em águas oxigenadas e rápidas, habitando trechos de pedra e rocha. Pescadores e ribeirinhos do vale do Rio Doce desconhecem esse peixe, o que sugere que a drástica redução populacional e extinção local seja um longo processo em curso (Oliveira, 2011).

Peixes Steindachneridion doceanum conhecidos como “Sorubim do Doce” habitavam grandes extensões dos vales do rio Doce e Mucuri. Todas as populações conhecidas do “Sorubim do Doce” são raras e com distribuição restrita (Vieira et al. 2008, Vieira & Gasparini 2007).

Ele ainda é encontrado nos rios Santo Antônio, Piranga, Manhuaçu e em trechos da calha central do rio Doce. No rio Mucuri ainda há populações em Carlos Chagas (Vieira et al. 2008). Barramentos por hidrelétricas prejudicam as populações, uma vez que estes peixes precisam de águas lóticas e profundas para viver.

É reconhecida como espécie Criticamente em Perigo na lista nacional (MMA, 2018) e nas listas estaduais de Minas Gerais e Espírito Santo (Vieira & Gasparini 2007).

A redução populacional do surubim do Doce está associada a perda de habitat, pela retirada da cobertura vegetal, levando ao assoreamento dos rios, outrora profundos com grandes rochas e forte correnteza.

A introdução de um peixe híbrido entre o pintado e o surubim (Pseudoplatystoma corruscans X P. fasciatum) na drenagem do rio Doce, é mais uma ameaça a sobrevivência de Steindachneridion doceanum uma vez que ambas espécies ocupam o mesmo tipo de biótopo: corredeiras com pedras.

A espécie Pimelodus maculatusPimelodus maculatus é a única representante do gênero Steindachneridion da família Pimelodidae nas regiões dos tabuleiros.


Oliveira, D. N. 2011. Etnoecologia em Comunidades de Pescadores do vale do rio Doce, Colatina Espírito Santo, Brasil. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas). Escola Superior São Francisco de Assis. 47 p.


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