Coração frio (Augusto dos Anjos)
Frio o sagrado coração da lua,
Teu coração rolou da luz serena!
E eu tinha ido ver a aurora tua
Nos raios d’ouro da celeste arena…
E vi-te triste, desvalida e nua!
E o olhar perdi, ansiando a luz amena
No silêncio notívago da rua…
– Sonâmbulo glacial da estranha pena!
Estavas fria! A neve que a alma corta
Não gele talvez mais, nem mais alquebre
Um coração como a alma que está morta…
E estavas morta, eu vi, eu que te almejo,
Sombra de gelo que me apaga a febre,
– Lua que esfria o sol do meu desejo!
Alguém poderia me ajudar a compreender