Trezentos cules assassinados

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Trezentos cules assassinados (Bertold Brecht)

Trezentos cules assassinados depõem a uma internacional

Um telegrama de Londres diz: “300 cules, que haviam
sido aprisionados pelas tropas do Exército Branco chinês
e deveriam ser transportados para Ping Chuen em vagões
abertos, morreram de fome e frio durante a viagem.”

Gostaríamos de Ter ficado em nossas aldeias
Mas isto não nos deixaram.
E uma noite nos vagões nos empurraram.
E nem mesmo arroz pudemos trazer.

Num vagão fechado não pudemos viajar
Precisavam deles para os bois, que não suportam o frio.
E porque o agasalho nos fizeram tirar
Sofremos bastante com o vento, no caminho.

Muitas vezes perguntamos para quê nos queriam.
Os soldados que nos guardavam, porém, nada sabiam.
Disseram que soprássemos as mãos para não enrijecer.
Nosso destino nunca pudemos saber.

Na última noite paramos frente aos portões de um forte.
Ao perguntar quando entraríamos, disseram: a qualquer momento.
Era o terceiro dia. Durante a noite congelamos até a morte.
Faz muito frio para gente pobre neste nosso tempo.

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