Os componentes da banda

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Os componentes da banda – trechos do livro (Adélia Prado)

“Viver está ficando difícil demais, ganhar a vida é como ganhar uma guerra, são precisas batalhas, mortos, mutilados.”

“Um menino abandonado não chora ininterruptamente, distrai-se a intervalos com a formiguinha na areia, chora, distrai-se, chora, distrai-se, como a humanidade.”

” … tristeza é tão antipedagógico”

“Quem me dera ser santa como ela, pensar só em Deus, não ter medo de nada. Me surpreendo cansada da minha família, com um pensamento inédito, muito esquisito: não quero gostar deles, mais não. Que se arrumem. Quero ser só eu. De repente sou uma equilibrista muito cansada de suster a todos por um cordel. Vou deixar cair.”

“Minha melhor palavra é a que eu não governo.”

“A ciência não salva, porque insiste em chamar as coisas por seus nomes e quem suporta isso?

“Por isso, talvez, eu goste de cemitérios, porque lá já se morreu, não se corre mais riscos.”

“… o meu desejo de ordem , na fragmentação sem fim que é a minha vida e me produz cansaço e raiva, raiva e cansaço.”

“Desejo a máquina do tempo para que não haja o havido e eu recomece misericordiosamente. … Por que as pessoas não me recriminam? … Tenho horror de mim. ”

“Amanhã é finados. As pessoas vão ao cemitério porque sentem saudade do seu próprio enterro. Por isso é alegre visitar o campo santo. Sentir saudades nunca é só melancólico, é sempre meio bom. Eu gosto, lembra o fim do mundo, acontecimento que aguardo com impaciência.”

“Deus me protege contra o assassinato.”

Prado, Adélia – Os componentes da banda / Adélia Prado – São Paulo: Record, 2006.ISBN 9788501075154

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