A um mártir (Augusto dos Anjos)
Alma em cilício, vem, enrista a clava,
Brande no seio o espículo e o acínace
E unjam-te o seio que d’auroras nasce
Sangrentas bênçãos eclodindo em lava!
Nossa Senhora te unge a face escrava,
Cristo saudoso te abençoa a face
De monja – violeta que do Céu baixasse
À Virgem Santa Natureza brava!
Vais caminhando para a terra extrema,
Rosa dos Sonhos! e o teu galho trema
E a tua crença, o desespero mate-a…
E em nuvens d’ouro ascende enfim ao plaustro
Da Neve Eterna, estrela azul do claustro,
Levada para o Azul da Via-Látea!