Grande Sertão, Veredas (João Guimarães Rosa)
“… a gente quer passar um rio a nado, e passa:
mas vai dar na outra banda é um ponto muito mais em baixo,
bem diverso do em que primeiro se pensou.
Viver nem não é muito perigoso? ”
“(…) a colheita é comum, mas o capinar é sozinho.”
“(…) o mais importante e bonito, do mundo, é isto:
que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas,
mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior.”
“(…) Viver é muito perigoso; e não é não.
Nem sei explicar estas coisas.
Um sentir é o do sentente, mas outro é do sentidor.”
” A vida inventa! A gente principia as coisas,
no não saber por que, e desde aí perde
o poder de continuação, porque a vida é
mutirão de todos, por todos remexida e temperada.”
“Dói sempre na gente, alguma vez, todo amor achável,
que algum dia se desprezou…
Qualquer amor já é um pouquinho de saúde,
um descanso na loucura.”
“O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem.
O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz
de ficar alegre a mais, no meio da alegria,
e inda mais alegre ainda no meio da tristeza! ”
“O que era isso,
que a desordem da vida podia sempre mais que a gente?”
“Quem muito se evita, se convive.”
“Todo caminho da gente é resvaloso.
Mas, também, cair não prejudica demais
– a gente levanta, a gente sobe, a gente volta.”
“Não ter vergonha como homem é fácil;
dificultoso e bom era poder não se ter
vergonha feito os bichos animais.”
” Sossego traz desejos.”
Uma lindeza só!