Queixas da sua mesma verdade (Gregório de Matos)
Quer-me mal esta cidade……………………………..pela verdade,
Não há, quem me fale, ou veja……………………..de inveja,
E se alguém me mostra amor……………………….é temor.
De maneira, meu Senhor,
que me hão de levar a palma
meus três inimigos d’alma
Verdade, Inveja, e Temor.
Oh quem soubera as mentiras………………………..do Milimbiras,
Fora aqui senhor do bolo……………………………. como tolo,
E feito tolo, e velhaco………………………………….fora um caco.
Meteria assim no saco
Servindo, andando e correndo
as ligas, que vão fazendo
Milimbiras, Tolo, e Caco.
Tirara cinzas tiranas……………………………………..das bananas,
Outro se os meus dez réis……………………………..de pastéis,
E porque isento não fosse……………………………..até do doce.
Teria assim, com que almoce
o meu amancebamento,
pois lhe basta por sustento
Bananas, Pastéis, e Doce.
Prendas, que a empenhar obrigo……………………..pelo amigo,
Dobrar-lhe eu o valor……………………………………e primor,
Cobrando em dous bodegões………………………….os tostões.
E seus donos asneirões
ao desfazer da moeda
perdem da mesma assentada
Amigo, Primor, Tostões.
Ao jimbo, que se lhe conta………………………………….boa conta,
E já por amigo vejo……………………………………………sem ter pejo,
Pois lhe tira de corrida……………………………………….a medida.
Mas verdadeira, ou mentida
a conta ajustada vem,
sendo um homen, que não tem,
Conta, Pejo, nem Medida.
Dever-me-ão camaradas……………………………………mil passadas,
E o triste do companheiro…………………………………o dinheiro,
E à conta das minhas brasas……………………………….as casas.
Assim lhe empatara as vazas,
pois o mesmo, que eu devia,
por força me deveria
Passadas, Dinheiro, e Casas.